A importância da psicologia do fim ao reinício da vida

MATÉRIA REALIZADA PELA SECRETARIA DE SAÚDE DO ESTADO DO RIO DE JANEIRO SET.2017.

Em homenagem ao Dia do Psicólogo, a importância de um dos profissionais que trabalha na luta pela doação de órgãos no Hospital Alberto Torres, uma das maiores referências em urgência e emergência do Estado

A prestação de serviço em saúde só é possível graças à articulação de profissionais competentes em cada área para atender um bem em comum: a vida. Existe toda uma equipe multidisciplinar por trás de cada história de sucesso ou mesmo nos momentos mais difíceis para apoiar a família. Neste dia 27 de agosto, data marcada para homenagear os psicólogos, a Secretaria de Estado de Saúde destaca a importância da atuação deles na rede pública de saúde.

- O psicólogo desenvolve um papel essencial nas nossas unidades. É quem está ali para dar apoio, seja para o paciente ou para seus familiares, e ajudar a superar qualquer dificuldade enfrentada naquele momento. É um defensor de pessoas e de vidas e me sinto feliz em ter profissionais tão peculiares – diz o secretário de Estado de Saúde, Luiz Antonio Teixeira Jr.

No Hospital Estadual Alberto Torres, localizado em São Gonçalo e referência no estado para casos de média e de alta complexidade, o psicólogo Luiz Antônio da Silva é um destes colaboradores que desempenha um papel bem especial, desde 2013 na unidade.

- Atuar em uma unidade de saúde como essa é sinônimo de crescimento. Ao mesmo que você é quem dá o apoio, você aprende com cada caso. Eu trabalho com ênfase na psicologia cognitiva positiva e sempre me pergunto o que eu posso fazer para contribuir para o melhoramento das pessoas e desse mundo que eu estou vivendo agora – diz Luiz.

A psicologia realiza o estudo da mente e do comportamento dos indivíduos. Nos corredores de um hospital, o profissional se depara com situações difíceis do próprio ofício, mas tem que estar atento a tudo que acontece, desde a entrada do paciente ao processo final da vida – quando é o caso – para que o trabalho em equipe seja fortalecido e realizado com sucesso.

Os esforços do profissional de saúde na luta pela vida são incessantes, mas quando todas as possibilidades médicas se esgotam, Luiz Antonio também entra em ação, desta vez com a família. Ele faz parte da Comissão Intra Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos para Transplantes (CIHDOTT) do hospital, que acolhe os familiares de pacientes que tiveram óbito constatado, e atua orientando sobre a possibilidade da doação de órgãos.

De forma humanizada, a equipe – que também conta com um médico e dois enfermeiros – explica o diagnóstico e mostra a importância do ato de doar. Não é uma decisão a ser tomada na hora, mas, sim, quando a família estiver pronta a decidir ou não pela doação. Nas mais diversas situações, Luiz e equipe estão de prontidão para fazer esse papel no HEAT.

- Quando se abre o protocolo de morte encefálica de um paciente, o papel do CIHDOTT é abordar a família de forma sábia e delicada para explicar a possibilidade de doação de órgãos e tecidos, de forma que eles se sintam confortáveis para fazer a própria escolha. Há uma dificuldade das pessoas para entenderem sobre o assunto, mas aqui a gente abre o horizonte, sempre respeitando a decisão da família – explica ele, que também é autor de trabalhos científicos nacionais e internacionais apresentados em congressos sobre doação e o papel do psicólogo no processo de óbito e doação de órgãos.

Ao longo dos seus 25 anos de profissão, muitas histórias fizeram parte da rotina de Luiz. Para ele, o amor é a grande base de todo o trabalho executado, seja em qual contexto for. Usar desse sentimento para fortalecer o familiar e dar o conforto e a segurança necessários, é uma das formas que ele encontrou para amenizar a dor e dar uma nova esperança a quem precisa.

- Recentemente, o filho de um homem que, infelizmente, veio à óbito, aceitou doar as córneas de seu pai. Ele chegou e me falou que, com a perda, ficaria um vazio muito grande dentro dele, mas que, doando seus órgão, reinavam os sentimentos de tranquilidade, paz, amor, carinho. É como se não existisse o fim. Eu fiquei bastante emocionado com essa declaração – confessa o psicólogo, que é doutorando em Psicologia Social com foco em doação de órgãos.

Jardim do Doador – Luiz Antônio também foi o idealizador do Jardim do Doador, no Hospital Estadual Alberto Torres. O espaço é reservado para as famílias que perderam seus entes queridos, mas optaram por doar os órgãos. Dentro de um conceito de ressignificação, o familiar planta um jasmim branco que simboliza o órgão vivo a ser implantado em outra pessoa, representando também a continuidade da vida.

- Não existe receita para falar da morte. Tudo é muito intuitivo e eu andando pelo hospital, olhei para o nosso jardim e me veio a ideia de usar aquele espaço para o plantio do Jasmim, uma planta branca, bonita, cheirosa e que proporciona paz ao ambiente. O HEAT é o único no Brasil que tem um espaço reservado assim, para esta finalidade. É um trabalho importantíssimo – finaliza o psicólogo.

O espaço fica no interior da unidade e é aberto às famílias e aos profissionais de saúde que desejam ter um momento de conforto e reflexão